SoMOS Cibersegurança
O que é Algoritmo?
O termo surgiu na Idade Média inspirado no astrônomo persa Muḥammad ibn Musa al-Khwarizmi e nada mais é que uma sequência de instruções para realizar determinado comando
Por Beatriz Reis e Mariana Matias
Você já se sentou pra “dar só uma olhadinha” na sua rede social e quando viu já se passou quase uma hora? Esse conteúdo extremamente direcionado aos seus gostos que te fez ficar preso em frente a uma tela de celular é fruto do trabalho do famoso algoritmo. Com o intuito de melhorar a experiência do usuário, o algoritmo cumpriu não só essa função como também se tornou uma importante ferramenta na tomada de decisões da sociedade.
O termo surgiu na Idade Média inspirado no astrônomo persa Muḥammad ibn Musa al-Khwarizmi e nada mais é que uma sequência de instruções para realizar determinado comando. Antes, essa tarefa era atribuída exclusivamente a pessoas, hoje as máquinas também assumem esse papel.
O algoritmo se alimenta de dados para que consiga traçar mais fielmente essa receita. Mas de onde ele obtém esses dados? De nós, os usuários! O documentário “O Dilema Das Redes” (Netflix, 2020) já expõe essa situação: “Se você não estiver pagando pelo produto, você é o produto". Seguindo essa lógica, quanto mais dados você fornecer, mais personalizado será o conteúdo que chega até você.
Isso nos leva a outro dilema: até que ponto o algoritmo tem poder sobre o que você vê? Grandes empresas passaram a usar o algoritmo como forma de aumentar o alcance da sua marca, encontrando nas redes sociais um lugar fértil para realizarem cada vez mais anúncios especializados. Isso não se limita apenas a interesses mercadológicos e não só pode, como já alcançou interesses políticos.
Nas eleições norte-americanas de 2016, em que Donald Trump, do partido Republicano disputou o cargo à presidência com a candidata democrata Hillary Clinton, os algoritmos se mostraram muito poderosos no comportamento dos eleitores. Tanto que a empresa de assessoria política contratada por Donald Trump, Cambridge Analytica, declarou-se culpada por coletar informações privadas de mais de 87 milhões de usuários sem seu conhecimento para realizar propaganda política extremamente especializada.
Aqui no Brasil não é diferente. Segundo pesquisa da Avaaz, comunidade de campanhas online para mudanças sociais, 98% dos eleitores do candidato vitorioso, em 2018, Jair Bolsonaro, foram expostos a uma ou mais mensagens falsas durante a campanha eleitoral. Dentre eles, 89% acreditaram que eram informações verdadeiras. Esse eleitorado só se mostrou mais forte nessas eleições de 2022, em que o poder da desinformação ultrapassou a barreira da democracia e passou a questionar o próprio sistema eleitoral, já que não apontou o resultado que eles esperavam.
(Apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro exibem faixa antidemocrática em ato no 7 de Setembro — Foto: Walder Galvão/g1)
De acordo com o estudo realizado pelo NetLab da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), a circulação de fake news aumentou no segundo turno dessas eleições. A rede social que mais apontou o crescimento foi o Twitter, com 57%, seguido do WhatsApp, com 36%. Entre os tópicos mais encontrados nessa pesquisa estava conteúdo relacionado à política e à religião, temas sensíveis nessa eleição. Isso só mostra que a premissa de não discutir religião e política só reforça a intolerância e a polarização.
Sabendo dessa força das redes sociais, foi elaborada uma proposta legislativa que busca regulamentar e combater a desinformação nas mídias sociais, o Projeto de Lei 2630/2020, popularmente conhecido como PL das Fake News. Proposto pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), foi aprovado no senado e passa por análise avançada na Câmara dos Deputados. Um dos pontos desse projeto de lei é a criação de regras básicas para a moderação de conteúdos nas redes sociais, além da necessidade de regras de transparência para a plataforma, que devem fornecer explicações mais detalhadas sobre a remoção de determinado conteúdo ou conta.
(Checagem feita pela Lupa, a imagem trata-se de uma montagem)
Diante dessa onda de desinformação, o site do Tribunal Superior Eleitoral Federal passou a fazer um trabalho de checagem de informações enganosas e atuou ativamente no combate à desinformação nas redes sociais, pois de acordo com o artigo 296 do Código Eleitoral, informações falsas que promovem a desordem e que podem prejudicar os trabalhos eleitorais são consideradas crimes.
Fraude nas eleições, ‘Kit Gay’ e outras fake news são espalhadas com um intuito político. Aquilo chega até você como uma verdade, já que todos que estão no seu meio replicaram tantas vezes até que você nem questiona mais, já que não chega pra você o “outro lado”. Esse é o poder da bolha que os algoritmos criam.
Os algoritmos te colocam dentro dessa bolha, em que dificilmente vai aparecer para você algo com o qual você não concorde, e quando aparece, você não curte, não compartilha, ou seja, não contribui para a visibilidade deste conteúdo. Rapidamente o algoritmo entende o recado e não entrega mais isso. A bolha te faz ter uma visão parcial da realidade, os conteúdos que chegam até você só reforçam a mesma visão de mundo, mostrando apenas parte da realidade.
Ficou evidente nas últimas eleições presidenciais o quanto o Brasil é intolerante ao discurso contrário ao seu. O quanto bolhas foram criadas ao ponto de eliminar, literalmente, pensamentos diferentes. Apesar de ser um tema complexo, criamos um infográfico para você, leitor, entender como os algoritmos funcionam no nosso dia a dia.
Referências:
Revista de Mediações Algorítimicas
Fake News e o poder da inteligência artificial
Fotos do banco de dados do Genially

